terça-feira, 30 de junho de 2009

Recomeçar

Foi ontem anunciada a saída do director do 24horas, Pedro Tadeu, que deixará o jornal no final do mês de Julho, depois de quase oito anos à frente deste diário. Desde Julho de 2007 que sou adjunto do Pedro na direcção do 24 e esta notícia mexeu, naturalmente, comigo. Porque não a esperava. Porque não conhecia os motivos exactos que levaram a este desfecho. Porque para mim o Pedro era o director e ponto final.

É quando as pessoas se vão embora que costumam vir os discursos do "ah, era tão boa pessoa" e tal. O Pedro sabe o que penso dele, por isso posso poupar-me a isso. Como toda a gente que o conhece sabe bem como ele é - não tem nada que enganar.

São nobres e muito raras as motivações que o levaram a sair do jornal. É muito difícil encontrar uma pessoa que tenha o discernimento para perceber que uma coisa está emperrada por sua culpa. Isso não é inteiramente verdade, mas, ao reconhecer isso, o director do jornal pôs em primeiro lugar os interesses da publicação, do projecto, dos leitores, e só depois os seus. Não me lembro de alguma vez ter conhecido alguém que o tivesse feito - e já trabalhei com muita gente que insistia em agarrar-se a cargos de chefia para os quais não estava, manifestamente, talhada.

O 24horas vai renascer com uma nova direcção, um novo rumo, uma nova estratégia. É o partir pedra desde o zero, é o repensar tudo, é o pôr tudo em causa.

E as coisas vão correr bem.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O Repórter X

Sempre tive um pavor por notícias falsas. E ao mesmo tempo um fascínio, uma curiosidade em saber o que leva os jornalistas a inventarem histórias. Por outro lado também acho um exercício interessante perceber em que momento da construção da notícia o repórter é enganado ou sai do trilho da verdade, sem se aperceber disso.
Hoje há muitos jornalistas que inventam. A possibilidade de não citarem fontes ("falei com um gajo da PJ, que me contou isto, e isto, e isto, mas claro que não o posso citar" - onde é que já ouvimos isto?) levou a que muitos jornalistas partissem para notícias escrevendo apenas convicções pessoais, sustentadas em fontes falsas.

Mas o rei da mentira, da falsidade, e que até acabou por se tornar cómico, chamava-se Reinaldo Ferreira e ficou conhecido por "Repórter X". Num trabalho académico com o tema "Notícias Falsas na Imprensa Diária" ofereci-lhe um capítulo. E ele merece-o.

Nascido a 10 de Agosto de 1897, em Lisboa, desde muito cedo mostrou gosto pela escrita e pelos jornais. Devorava folhetins policiais, vibrava com os assuntos quentes que apaixonavam multidões. Talvez por isso, virou-se para o jornalismo.
Reinaldo entrou na redacção de “A Capital” com apenas 16 anos. De imediato deu nas vistas pela sua criatividade e pela forma acutilante e apaixonada de relatar os acontecimentos. Três anos depois era colaborador de “O Século”. E foi aqui que começou a desenvolver o que, mais tarde, viria a ser conhecido por “Reinaldices”, sinónimo de aldrabices.

A primeira aventura em que se meteu foi quando resolveu relatar a história arrepiante de um crime ocorrido na Rua Saraiva de Carvalho, em Lisboa. “O Século” foi dando as notícias, que envolviam bandidos encapuzados, um cadáver e um misterioso malfeitor a quem Reinaldo chamava “O homem dos olhos tortos”. Os textos eram sempre assinados por Gil Goes, pseudónimo escolhido por Reinaldo Ferreira.

Esta história começou a ganhar proporções tais que “O Século” teve de revelar que, afinal, tudo o que se estava a contar era ficção pura. “O Mistério da Rua Saraiva de Carvalho" deu mesmo num livro, que foi, inclusive, adaptado ao cinema com o título de “O homem dos Olhos Tortos”.
Este caso acabou por dar enorme projecção ao jovem Reinaldo. Meses depois, em Março de 1918, escreveu uma reportagem para “A Manhã” relatando a vida de mendigo. Para isso, tirou uma foto vestido de indigente a pedir esmola. No final, apresentou o relato completo, com as contas aos 47 centavos que tinha conseguido juntar e todas as peripécias vividas no tempo em que andou a fazer-se passar por pobre. A verdade é que tudo foi inventado. A única coisa verdadeira era mesmo a fotografia.

Reinaldo Ferreira foi aprimorando a técnica de ficcionista. E em nova reportagem para “O Século”, ainda em 1918, fabrica um assassinato de um suposta turista numa pensão de Lisboa. O repórter chega a destruir o quarto da pensão e espalha sangue de galinha por todo o lado, para obter um relato mais impressionante de uma história completamente falsa.

A veia de ficcionista também lhe dava para outras coisas. No dia da morte de Sidónio Pais, a 14 de Dezembro de 1918, Reinaldo Ferreira inventou o que disse serem as últimas palavras do estadista revolucionário: “Morro eu, mas salva-se a Pátria”. O que se sabe é que o jornalista não estava na estação do Rossio, onde Sidónio Pais foi morto, nem, sequer, alguma vez trocou uma palavra com ele.

Desafios pessoais e profissionais, levam Reinaldo Ferreira a viajar para Paris, primeiro, e Barcelona, depois. E é da Catalunha que resolve escrever um artigo para ser publicado em Portugal atacando o ditador Primo de Rivera, que a 13 de Setembro de 1923 resolve fazer um golpe de Estado em Espanha e tomar o poder, com a conivência do Rei Afonso XIII. Só que o jornalista teve medo de poder vir a sofrer represálias por causa desse artigo, por isso resolveu assinar a peça apenas como “Repórter”. Quando o texto chegou às mãos do tipógrafo, este olhou para a assinatura e leu “Repórter”. Mas em frente a esta palavra estava um pequeno rabisco que se assemelhava a um X. Pensando fazer parte do nome, o tipógrafo assina o artigo como “Repórter X”, nome que viria a ficar para a história.

Antes de morrer – o que aconteceu aos 38 anos –, Reinaldo Ferreira continuou a fazer das suas. Pelo jornal “ABC” inventou toda a cobertura jornalística dos meses que se seguiram à morte de Lenine na Rússia – o jornalista nunca chegou a sair de Paris e escreveu dezenas de reportagens relatando episódios caricatos vividos em Moscovo, onde frequentemente se cruzava com portugueses.

Pelo “Primeiro de Janeiro”, Reinaldo fez o País acreditar que existia uma campanha alemã que iria produzir libras em loiça, para desacreditar a moeda inglesa. Mas aqui as coisas acabaram por correr mal ao Repórter X. Nesta história, envolveu o nome do banqueiro português Francisco Borges, do banco Borges&Irmão, e a mentira descobriu-se. Reinaldo Ferreira foi despedido do jornal. Tentou a sua sorte criando pequenas publicações próprias, mas não teve grande sorte. Reinaldo enfrentava aqui o momento mais duro da vida.Dependente de morfina, foi obrigado a fazer uma cura de desintoxicação. Nunca conseguiu largar completamente o vício. O Repórter X acabou por morrer a 4 de Outubro de 1935, em Lisboa. Ficou na história como um dos mais brilhantes jornalistas da sua época. A época em que para se ser bom jornalista não era essencial respeitar sempre a verdade.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

My bad Lucky

Quando o carro arrancou eu sabia que nunca mais os voltaria a ver – e anos mais tarde, quando voltei lá, também tinha a certeza de que eles já lá não estavam. E não estavam.

Naquele dia, enquanto o meu pai levava o Citroën BX castanho, tipo banheira, por travessas e avenidas de uma Lisboa que para mim, miúdo, era um mundo, eu lançava olhares para as placas com os nomes das ruas, como Hansel atirava pedaços de pão para o chão – eu queria voltar, eu tinha de voltar àquele sítio, ao sítio onde estava uma parte de mim.

Eram uns 40 e andavam comigo para todo o lado. “O Bandido Maneta”, “Os Dalton Regeneram-se”, “Daily Star”, “Os Rivais de Painful Gulch”, “A Diligência”, “Jesse James”, se não os tinha a todos, tinha-os quase a todos. Até tinha uma mala própria para os transportar, uma mala cinzenta, quadrada, com duas rodinhas (só uma é que rolava, a outra tinha defeito) e uma asa para a puxar, porque os meus bracitos de 11 anos não aguentavam tanto peso.

Por aquela idade a minha vida andava à volta dos jogos do Spectrum 48k e dos livros do Lucky Lucke. O computador já estava habituado a ficar em casa, até porque para funcionar obrigava à presença de gravador, televisão, cassetes, enfim, uma logística que o tornava intransportável. Já os livros não. Esses tinham a tal malinha cinzenta, quadrada, com a rodinha defeituosa, e cabiam todos lá dentro, apertadinhos.

Com os irmãos longe, Jolly Jumper, Rantamplan e os Dalton eram meus companheiros de todas as noites. Era neles que pensava, era com eles que sonhava, eram as suas aventuras que me faziam feliz. Em frente ao espelho também eu sacava de uma arma, em tempos em que nem sabia o que era o Taxi Driver. Só queria ver se conseguia ser mais rápido do que a minha sombra. Não era. Nunca era. Por isso continuava a tentar, porque achava que um dia, se tentasse muito, muito, muito, conseguiria.

De cada vez que mudava de cidade, lá ia a minha roupa na mala vermelha, a minha vida na mala cinzenta. Mais do que saber se o meu novo quarto era grande, queria saber se naquele sítio novo havia livrarias. E se nessas livrarias existiria algum livro que me faltava na colecção. Uma nova descoberta implicava ir à lata amarela de Nesquik onde se amontoavam moedas dos trocos dos jornais que comprava para o meu pai e as notas que os tios e os avós ofereciam nos dias que me visitavam. Só saíam de lá para as mãos do senhor livreiro, que, em troca, me oferecia corações aos saltos em forma de livro animado.

Numa semana era capaz de o ler 20 vezes - três vezes ao dia. Cada livro novo tinha em mim o efeito do encaixe da última peça num puzzle. A minha vida era esse puzzle, que se completava com pouco, com o tal livro novo.

Um dia, naquele dia, que foi mais um dia em que mudei de cidade, perdi-os para sempre. Uma visita a Lisboa, uns dias num hotel não muito caro numa esquina perto do Marquês de Pombal, terminaram com uma fuga, uma fuga para a frente, uma fuga sem retorno, uma fuga que eu nunca percebi e jamais esqueci. A bagageira do Citroën BX, a banheira, que chegara com as minhas duas malas, a vermelha e a cinzenta, partia agora apenas com uma, com a que não me fazia falta, com a que eu queria que tivesse ficado para trás.

O meu pai fugia para não ter de pagar a conta. Paguei-a eu. E não foi com dinheiro.

Quase 20 anos depois apanhei as migalhas de pão que deixara no chão naquele dia, segui as pistas da memória, os nomes das ruas, das travessas de uma Lisboa que então já dominava, e encontrei o hotel onde ficara a mala da rodinha torta com os meus livros.
Na recepção contei à senhora a história dos livros, da mala, da fuga, do meu amor pelo cowboy solitário e pelo seu fiel cavalo. Contei-lhe tudo com um sorriso que não o era. Ela devolveu-mo. E eu sabia que era tudo o que ela me podia dar.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Dúvida

As pessoas que chamam xalxixa à salsicha são as mesmas que dizem Manxexter em vez de Manchester, não são?

Tu precisas tanto de amor e de sossego, eu preciso de uma folga

Café. Preciso de um café. Vou buscar a chávena de plástico (1,19 euros, pacote de 10, no Continente), a colher descartável e entro na casa de banho.

Foda-se! Como é que eu vim parar à casa de banho? O que é que eu estou aqui a fazer? Tenho de descansar.
Saio da casa de banho e vou-me sentar. Foda-se! Café. Preciso de um café. Levanto-me. E agora? Onde é que eu ia mesmo?

É nestes momentos que tenho a certeza de que não faz bem à saúde ir no 17.º dia consecutivo de trabalho.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O meu 11 de sonho

Arrastava eu um malão barato pelo aeroporto de Charles de Gaulle quando a marcha imperial do Star Wars se fez ouvir. Procurei o telemóvel em todos os bolsos - estava no último, claro, está sempre. Era de "A Bola", jornal onde trabalhava na altura.

- Tou, Ricardo?! Já chegaste a Paris?
- Acabei de chegar. O Bruno Santos está aqui à minha espera. Porquê?
- Está bem... E então, não tens nada para contar?
- Não... Porquê? O que é que se passa?
- Não leste o "Record" de hoje?
- Não. Acabei de chegar a Paris, e não o comprei no aeroporto. Porquê? Traz alguma história do Zé Azevedo que eu não dei?
- Não... então vê se lês. E começa pelo editorial do Alexandre Pais. E não te esqueças de mim quando fores para o "Record".

Em Julho de 2003 fui enviado-especial de "A Bola" à edição centenária da Volta a França em bicicleta. Foi naquele mês que passei em França que percebi que Paris é mesmo a cidade do amor, porque foi lá que me apaixonei por ciclismo.
Naquele dia, no dia em que aterrei, o director do jornal rival do meu escrevera um editorial em que se armava em treinador de jornalistas e fazia o "11" dos melhores jornalistas com quem já tinha trabalhado. E lá no meio deles estava eu, jornalista de "A Bola".
Perdi a conta aos telefonemas que recebi nesse dia. Não havia uma pessoa que acreditasse que não, que eu não tinha sido convidado para o "Record", que não, que o Alexandre Pais não me tinha ligado para me aliciar a juntar-me ao inimigo, que não, que não voltara a falar com o Alexandre mais de duas ou três vezes desde que eu tinha saído do "24horas", no ano 2000, onde nos conhecemos e trabalhámos juntos.
Os telefonemas divertiram-me. O reconhecimento orgulhou-me.

Hoje vou fazer o mesmo. Vou armar-me em treinador de jornalistas e escolher o 11 ideal de craques da escrita com que já trabalhei. Uns são meus amigos, outros nem por isso, e há mesmo gente de quem não gosto, mas a todos reconheço méritos invulgares. A ideia não é meter só vedetas, mas, sobretudo, fazer uma equipa equilibrada de gente que sabe pensar, escrever, pesquisar e furar.

1. Bernardo Ribeiro ("Record")
É o guarda-redes perfeito - e não é só por ser... largo, vá. É sólido, dá confiança a quem trabalha com ele, sabe comandar equipas, refila quando tem de refilar. Trabalhámos juntos no "24horas" e em "A Bola". Dificilmente nos reencontraremos profissionalmente, porque eu não quero voltar ao desporto e ele não quer sair de lá.

2. João Cristóvão Baptista ("24horas")
É o Dani Alves do jornalismo. Puto, mas com uma invulgar maturidade. Numa equipa de gente mais velha, mais experiente, não lhe caberia o papel de desequilibrador, mas é o que faz todos os dias. Rápido, certinho, inteligente. Está lá tudo.
Continuamos a ser colegas, e espero tê-lo à mão por muitos anos.

3. Manuel Catarino ("Correio da Manhã")
É o central perfeito, um Baresi, um Maldini. Forte, astuto, experiente, raposa velha. Não deixa escapar nada, sabe de tudo um pouco e ninguém lhe passa a perna. Domina a sua área como poucos e sabe dar os gritos certos na hora certa. É uma besta quando tem de ser, e às vezes é preciso sê-lo.
Fomos colegas no "24horas" nos meus dois primeiros anos de carreira.

4. Hugo Vasconcelos ("A Bola")
É um Pepe que não bate nas pessoas. Sólido, sabe sempre encontrar a solução equilibrada para os problemas. Joga simples quando tem de jogar, mas sabe ir lá à frente marcar golos, mesmo que não seja essa a sua função. Sabe ser central, trinco, defesa-direito ou ponta-de-lança. É o jogador que qualquer um quer ter na equipa.

5. Nuno Perestrelo ("A Bola")
É o Roberto Carlos nos seus bons tempos. Ai querem que seja defesa-esquerdo? Tudo bem, eu sou. Mas eu gosto é de ir lá à frente marcar livres. E vai. E marca. É o homem a quem se pede uma coisa e ele consegue sempre isso e um extrazinho. Depois ainda transcende as suas funções e quando damos por ele já fintou meia equipa adversária e está isolado em frente ao guarda-redes. É o homem que gosta de ter o balneário com ele e dá-se tão bem com o treinador como com o puto acabado de chegar dos júniores.
Fomos companheiros no "24horas" e na "Focus". É das pessoas que mais falta me fazem na redacção.

6. Pedro Jorge Castro ("Sábado")
É o Xavi, o carregador de pianos, o líder, o patrão da equipa. É o homem que quando não está, a equipa vai ao fundo. Sabe pensar, sabe comandar, sabe agir na hora certa. Não pára um minuto e dá tudo dentro de campo, seja contra o Real Madrid seja contra o Mataró. É raro o talento de um trinco ser reconhecido. Xavi foi eleito o melhor jogador da Europa em 2008. O Pedro Castro foi eleito por mim como o melhor jornalista com que já trabalhei.
Fomos colegas no "Portugal Diário" e no "24horas". Pronto, e também fomos colegas de casa durante um ano.

7. Ana Sofia Fonseca (free-lancer)
Tem o talento de Cristiano Ronaldo, mas arma-se em Dominguez. Sabe tudo sobre fintas, adora adornos, gestos técnicos, maldades aos adversários. É uma alegria vê-la dar toques nas palavras, pará-las em cima da cabeça, atrás da nuca, no joelho. Uma artista. Marcasse golos e seria uma estrela.
Trabalhámos juntos no "24horas".

8. Rui Hortelão ("Diário de Notícias")
É um Deco. Sabe construir jogo, sabe vir atrás defender, recupera bolas, sabe levar a equipa para a frente, sabe driblar e ainda marca golos. É o homem que gosta de ter a bola nos pés e mesmo que não a tenha ela vai lá parar, porque há sempre alguém que lha passa à espera que ele faça algo de bom.
Trabalhámos juntos no "24horas" e na "Focus"

9. Miguel Pinheiro ("Sábado")
É o Ibrahimovic. Bola nos pés é golo pela certa. Sabe pensar, esperar e actua no momento certo. Um fora-de-série.
Trabalhámos juntos no "24horas".

10. Nuno Miguel Maia ("Jornal de Notícias")
É o Messi do jornalismo português. Sabe tudo sobre bola. Tem a garra de um puto, a experiência de um senior, um talento ímpar. Não tem defeitos. É claramente o jogador que faz a diferença, que marca os golos decisivos, que arquitecta as jogadas mais fantásticas. Quase nunca falha. E ainda consegue ser importante no balneário.
Fomos colegas em "A Bola" e no "24horas".

11. Ferreira Fernandes ("Diário de Notícias")
Zizou. É o Zidane. Pezinhos daqueles há poucos. Cabecinhas assim também. Adora pensar o jogo e pôr a equipa a mexer. Brilha quando tem de brilhar e aparece sempre a desequilibrar nos momentos-chave e nos grandes jogos.
Trabalhámos juntos na "Focus".

Suplentes de luxo: Luís Fontes ("24horas"), Emídio Fernando ("TSF"), Rui Gustavo ("Expresso"), Alda Rocha ("Focus"), Paulo Caetano (deixou o jornalismo), António Magalhães ("Record"), Miguel Cardoso Pereira ("A Bola"), Ana Maia ("24horas"), Gerardo Santos ("24horas"), Pedro Emanuel Santos (desemprego), Raquel Lito ("Sábado"), Ana Carreteiro ("24horas"), Catarina Guerreiro ("Diário de Notícias"), Lina Santos ("24horas"), Luís Silvestre ("Sábado"), Marco Alves ("24horas"), Francisco J. Marques (perdi-lhe o rasto) e Sávio Fernandes ("24horas").

E estes admiro-os da bancada: João Miguel Tavares ("Time Out" e "DN"), António Costa ("Diário Económico"), Nuno Vinha (Lusa), Ângela Marques ("Diário Económico"), Micael Pereira (free-lancer), Miguel Alexandre Ganhão ("Correio da Manhã"), Ana Garcia Martins ("Time Out"), Ricardo Santos (free-lancer), Eduardo Dâmaso ("Correio da Manhã") e Rodrigo Guedes de Carvalho ("SIC").

Tenho a certeza de que me esqueci de muitos. Desculpem lá qualquer coisinha.

domingo, 26 de abril de 2009

O 24

Era champanhe por todo o lado, gargalhadas, o director com um boné que não se-lhe enterrava por completo na cabeça, e lhe dava o ar de totó que não tinha, o chefe de redacção que mal não se aguentava de pé, uma multidão de gente que nunca tinha visto foi naquela noite ao oitavo andar do prédio do Marquês de Pombal. Celebrava-se o fecho do número 1 do 24horas. Foi no dia 4 de Maio de 1998.

Lá no meio andava eu, a mascote do pasquim, puto de 21 anitos, cara de bebé, fascinado com aquilo tudo, com a gente grande em atitudes criançolas, a informalidade dos chefes que até costumavam usar gravata e falar torto.

No dia seguinte de manhã ia para Paris, como enviado-especial. O avião era daí a umas horas, mas por nada eu queria perder aquilo. Sentia que algo estava a acontecer, a nascer, e eu queria estar ali, para uns anos mais tarde poder recordar o momento, falar sobre ele, como agora.

Ontem vivi o renascimento do 24horas. Passaram-se quase 11 anos desde aquela noite de copos no oitavo andar do prédio aqui mesmo ao lado. Já não sou o puto, nem a mascote, sou o chefe que não é formal nem usa gravata e raramente fala torto.
Ontem não houve bebedeiras, nem muitos sorrisos, nem bonés meio enfiados na cabeça de directores, houve sim stresse, pressão e gritos para que se cumprisse religiosamente a inatingível hora de fecho, as 18h30. Conseguímos.
Agora vamos todos à gráfica buscar a criança e olhá-la nos olhos pela primeira vez. Mesmo que dali venha a coisa mais abjecta à face da terra, para nós, os pais, será sempre linda, a mais linda.

O 24horas que hoje chega às bancas é o resultado do esforço de muita gente de qualidade, esforçada, que se empenhou e sacrificou por um produto que acreditamos ser inovador e que poderá, por isso, resistir num mercado cada vez mais difícil.

Agora, venham as críticas, venham os ataques, venham os rótulos. Uma coisa é certa: segunda e terça vamos "vender" mais do que todos os outros diários juntos. :)

E que daqui a 10 anos possa estar a contar tudo sobre mais um renascimento do 24horas. Sinal que o título vingou, que resistiu, que existe.